IMERSÃO - Laboratório Artístico // Ativismo Gráfico

SOBRE A OBRA CRIADA

Esta imagem é o resultado do laboratório de Ativismo Gráfico que teve mentoria de ROD. O objetivo de IMERSÃO - Laboratório Artístico // Ativismo Gráfico é compreender as diferentes formas de utilização do campo da arte como meio de produção do debate social sobre temas contemporâneos. Neste laboratório, as pessoas participantes conheceram, em termos conceituais e práticas, variadas técnicas e estéticas artísticas que utilizam o gráfico como matéria-prima. ROD fez a mentoria do Laboratório Artístico a partir de uma abordagem colaborativa que resultou na produção de uma peça gráfica colaborativa.

Partindo do tema 360º de pele criou-se uma ilustração colaborativa de um corpo em, que cada artista contribuiu com uma parte, num exercício que aponta uma comunidade que está dispersa.

Procurou-se a representação de um corpo sem uma preocupação de encaixe naquilo que são as expetativas ou cânones sociais, deixar um corpo somente existir. Um corpo, diferentes partes, diferentes identidades. Monstras, promiscuas, dissidentes, afrontosas, fetichizadas, afeminadas, fufotropicais… todas as monstras num corpo que não cabe no CIStema, que não pretende caber, somente existir livre.

           

A frase que sustenta a obra “Quantas mais pessoas trans terás que matar?” traz o foco para identidades trans e de género diverso que nos últimos anos têm sido o foco da luta LGBTQI+. Há diferentes formas de morrer e de matar, umas mais lentas e outras instantâneas. Micro agressões, bullying, violência social, violência racial, violência sistémica, acesso negado a saúde, habitação, emprego e educação… agressões físicas, sexuais e assassinatos. Em 2022 foram recolhidos dados de 327 assassinatos de pessoas trans ou de género diverso, muitos ficam por apurar e reportar bem como as diferentes formas de matar - os nomes destas pessoas encontram-se escritos na obra ocupando o lado esquerdo por inteiro. Foram incluídos também nomes de pessoas trans que morreram sendo vítimas de assassinato ou suicídio em Portugal.

FICHA TÉCNICA

Apoio e produção: TRUMPS e QUEER ART LAB
Mentoria: ROD
Artistas: Agah; Carolina Elis; Félix Rodrigues; Mariana Caldeira

MENTORIA

RODS ociólogue digital, artista visual e ativista gráfico. Doutorado em Sociologia pelo ICS-ULisboa e Pós-Doutorado no CECS – UMinho, onde atualmente desenvolve uma pesquisa sobre as plataformas digitais da Internet e o racismo algorítmico com apoio de uma bolsa de pos-doutoramento da Fundação para a Ciencia e Tecnologia (FCT). Tem publicado em diversas revistas acadêmicas e de divulgação científica no âmbito nacional e internacional. Como artista visual desenvolve um trabalho com foco na crítica decolonial. Participou de diversas exposições coletivas e exibições a solo, como na Feira Gráfica de Lisboa (2020), na Casa do Capitão (2021) com Gisela Casimiro, no Espaço Damas com apoio da Dgartes (2021), no Festival Bairro em Festa do Largo Residências (2021), na Galeria Not a Museum (2021), no MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (2022), Galerias Municipais (2022), além de participar de festivais e projetos, como por exemplo, o Festival Walk Talk Açores 2020 e do projeto Comunidade enquanto Imunidade, do Projeto, Projeto “Primeiro Rascunho” do Teatro do Bairro Alto, do Campo de Treino (2021), com curadoria do SOS Racismo, Jota Mombaça e Filipa César. Criou o cenário do espetáculo “Casa com árvores dentro”, inserido no Projeto Pê – Prefixo de Desumanização, da Companhia de Actores. Participa do Projeto “Des/Codificar Belém”, desenvolvido pelo Colectivo Faca com apoio da DgArtes e parceria com o MAAT, Museu Berardo e Junta de Freguesia de Belém. É membro co-fundador da UNA – União Negra das Artes. IG: @_rod_ada

ARTISTAS

AGAH

Artista Visual e performer, atualmente reside a atua em Lisboa/Portugal, nascide em São Paulo/SP, com pesquisa e produção em Natal/RN Brasil, voltada para performance, intervenção urbana e questões de gênero. Mestrado em Artes Cênicas e graduação em Artes Visuais, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Alguns tópicos da trajetória: (2021 - Guarulhos/SP) Chá de Revelação, Vídeo-Performance, contemplado pela Lei Aldir Blanc. (2018 - Rio de Janeiro/RJ) Xifopagã-Capilares Performance, Museu de Arte do Rio (MAR) no evento Trans-in-corporados. (2018 - Natal/RN) Ministrante do Laçaço: uma ação no espaço público – Performance colaborativa e interventiva no Forte dos Reis Magos (27/04). (2018 - Salvador/BA) Como resistir no mundo de hoje? - Exposição coletiva - Fórum Social Mundial 2018. (2017 - Natal/RN) Arremedos - Exposição individual – galeria SESC Cidade Alta. (2017 - Natal/RN) IDentidade – Exposição individual - Galeria Newton Navarro - 31 dias de Performances, edital aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC). (2016-17 - Buenos Aires/Argentina, São Paulo/SP, Palmas de Maiorca/Espanha) Nudes na norma culta - Instalação - Interjecciones sur [geografias de las violencias] Exposição. (2016 Natal/RN) #quemtemmedodovermelho – Instalação - Exposição coletiva. Na Galeria do Deart (UFRN).

Instagram: @agah_nathan

CAROLINA ELIS

Carolina Elis é uma artista autodidata e dedica-se, maioritariamente, à ilustração, ao desenho/pintura digital, à colagem e, ocasionalmente, à escrita. A sua prática artística embasa-se na sua experiência enquanto imigrante, negra, queer e doente crónica. Assume-se como "artivista" e produz trabalhos de cunho decolonial, antirracista, anti-capacitista e anti-lgbtqia+fóbicos. Teve trabalhos publicados pela Revista Decadente (2019-2020), pela SapataPress (2020) com curadoria de Ciço Silveira e "Um poema para cada Sereya" (2022) zine com idealização e curadoria de Duda Las Casas. Participou dos projetos "Comunidade Enquanto Imunidade" (2021), publicado pela Contemporânea e "Fazer de Casa Labirinto" (2020), publicação originária da exposição com mesmo nome.

Ambos os projetos tiveram curadoria de Ana Cristina Cachola e apoio da DGArtes. Além disso, tem participado de pequenas exposições, coletivas e solo entre 2020 e 2022.

FÉLIX RODRIGUES

Félix Rodrigues é um artista visual oriundo de Faro, Portugal. Nascido em 1995, escalou o país até Lisboa para ingressar no curso de pintura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, tendo passado pela Slade School of Fine Art. A partir daí, desenvolve um conjunto de trabalho variado, passando pela ilustração, bordado, instalação, e tatuagem. Desde então colaborou em vários projetos, incluindo publicações com as editoras Chili com Carne, Sapata Press e Dói-Dói.

MARIANA CALDEIRA

Mariana, 29 anos, cresceu entre Lisboa e a Margem Sul. Começou a criar como forma de filtrar as coisas que sente e mais tarde começou a envolver-se no ativismo trans, o que se passou a refletir nas obras que produz. As suas influências são lineart, tatuagem neoclássica e "trashy art".